A criatura humana está sempre insatisfeita. Escolhe aquilo que acha que a satisfaz sem pensar nas consequências.
Adão e Eva tinham tudo no jardim do Éden. Por sugestão da serpente, resolveram experimentar o gosto da maçã. Caíram na conversa da serpente de que seriam iguais a Deus. (Qualquer semelhança com quem cai no papo de políticos não é mera coincidência é pura realidade!). Perderam o paraíso e de quebra ganharam a dor, a morte e o pão com suor do rosto. A humanidade herdou deles tais castigos pela desobediências às recomendações divinas.
Lá no Egito, o povo escolhido estava nada feliz com a situação. Sonhavam buscar a terra prometida onde escorriam o leite e o mel. Fugindo da escravidão buscavam a Terra Santa sob o comando de Moisés. Essa viagem é o registro bíblico, histórico e literário de uma ação de invasão de sem terras e de sem tetos a uma propriedade. (Talvez aí resida o motivo histórico da eterna briga entre invasores e invadidos!)
Na Palestina, o povo de Deus experimentou várias modalidades de regimes de governo. No fim, crucificou Jesus Cristo, o filho de Deus que veio salvá-los pregando a paz e o amor entre os povos.
Coube aos gregos a invenção, a divulgação e a vulgarização da democracia. Com esse sistema, o povo finalmente imaginou que chegaria ao poder por via de escolha de seus representantes.
Do lado de baixo do Equador, no hemisfério sul, os portugueses em 22 de abril de 1500 toparam com a Ilha de Vera Cruz que depois chamaram de Terra de Santa Cruz e finalmente Brasil.
O Brasil foi Colônia, depois virou vice-reino unido a Portugal e Algarves, tornou-se império e finalmente chegou à república presidencialista.
O império começou com o golpe da Proclamação da Independência em 7 de setembro de 1822, com o grito de D. Pedro I às margens do riacho Ipiranga, em São Paulo.
A república se instalou há exatos 130 anos em 15 de novembro de 1889, no Rio de Janeiro através do golpe militar deflagrado pelo marechal Deodoro da Fonseca e seguidores.
Nossa república começou a ser gestada em 18 de abril de 1873, em Itu, numa convenção presidida pelo então deputado Prudente de Morais (1841-1907), mais tarde um dos nossos primeiros presidentes (1894-1898).
Alguns historiadores acreditam que o advento da república deu uma estagnada no desenvolvimento econômico do Brasil imperial. O Brasil era a 3ª potência mundial atrás apenas da Inglaterra e da França. Venceu a guerra do Paraguai e forjou heróis como Caxias, Osório, Tamandaré, Nabuco, José do Patrocínio, D. Pedro I, D. Pedro II, A Princesa Isabel e tantos outros.
O fim da escravidão em 13 de maio de 1888, foi a maior obra do período imperial brasileiro. Dizia-se que o Brasil era uma democracia coroada. Comenta-se que a proclamação da nossa república foi um ato de vingança da elite escravocrata contra o fim da escravidão. Por outro lado, a moda à época era a república democrática com os eleitores escolhendo os presidentes. Daí a solene proclamação da república em 15 de novembro de 1889 que pôs fim à monarquia vitalícia.
A proclamação da república foi um bem ou foi um mal?
De Adão até hoje, o ser humano é um eterno insatisfeito. Imagina que luta sempre pelo melhor e inventa sistemas de governo na expectativa de melhorarias sociais, econômicas e pessoais. Os resultados nem sempre ou quase nunca são os esperados. Pergunte aos trabalhadores, aos desempregados, aos pobres, aos aposentados, aos professores e à galera em geral o que acham do nosso atual sistema republicano e o que pensam sobre os líderes que nos governam. A resposta é unânime. Trata-se de uma fábrica de corruptos escolhidos a dedo nas eleições e regiamente pagos para explorar os representados.
Para quem está no poder, república é coisa pública e por isso é de todos. O que é de todos não tem dono e os escolhidos para cuidar da coisa pública usam e abusam dela sem escrúpulos em benefício próprio. Quando falta honestidade sobra corrupção, fonte de rejeição e descrença no governo que desgraça o país e infelicita o povo. Daí a grita da galera pela volta dos militares através de golpes tal como aconteceu em 15 de novembro de 1889 e em 31 de março de 1964. Talvez assim aconteça a verdadeira república, utopia dos verdadeiros e raros democratas sempre rejeitados e derrotados nos pleitos eleitorais por uma verdadeira república em que a liberdade, a igualdade e a fraternidade contribuam para o bem de todos e felicidade geral da nação.
O sistema republicanos é bom. Quem o estraga são os eleitos que se esquecem de cuidar dos interesses coletivos e só pensam nos interesses pessoais. Uma empresa em que os funcionários determinaram os próprios salários, se esquecem dos deveres e estabelecem numerosos e imerecidos direitos, certamente está na rota da falência. Esse é o retrato do Brasil republicano que Bolsonaro herdou e cujo rumo prometeu mudar. Vai conseguir? Quem viver saberá! Adianta pouco para a plebe a mudança de monarquia para república, de democracia para ditadura se os poderosos da vez continuam defendendo sempre as vantagens pessoais e dificultando as boas propostas do reformador.
Desde Adão, Deus vem tendo problemas com suas criaturas. Teve de expulsar o primeiro homem do paraíso; desanimou de proteger o povo escolhido; mandou o próprio filho para reformar e salvar o mundo; viu o filho perder a eleição para um ladrão e ser crucificado. Depois disso, lavou as mãos e entregou a humanidade à própria sorte.
Será que o sistema republicano instalado aqui reforma e acerta o Brasil? É esperar para ver e crer!
Tô certo ou tô errado?
João de Barros Crepaldi, ex-vereador, por 3 mandatos, ex-secretário da educação, ex-professor, atualmente exerce a atividade menos penosa e menos perigosa: conserta motocicletas e já está atendendo normalmente após o recesso forçado-.
Colunista:
João de Barros Crepaldi
