Passei os últimos quinze dias em isolamento com minha mãe, que contraiu Covid-19. Preciso ressaltar aqui que ela é enfermeira, não tem comorbidades e está vacinada há algum tempo já.
Nesses quinze dias, vi o que a doença que tantas pessoas menosprezam, dizem que não existem, receitam remédios que não funcionam e normalizam mortes pode fazer. Vi minha mãe, uma mulher guerreira, se colocar numa cama sem ter fôlego para falar ou tomar um banho.
Vi essa doença levar uma das tutoras mais importantes que tive na vida nos últimos dias. Vi o perigo pairar sobre minha casa e colocar em risco minha família. Enquanto isso, escutava as festas e baladinhas acontecendo pela janela do meu quarto.
Sim, dava pra escutar mais de uma festa rolando pelos arredores de onde eu moro, enquanto observada a saturação da minha mãe baixar para 78 e ela não ter forças para levantar. Isso sem considerar todo o medo que passa a rondar 24 horas por dia a casa.
Arrisco dizer que esses foram os sintomas LEVES, já que ela está vacinada. E quais seriam os sintomas PESADOS? O que poderia ter acontecido se um sintoma mais grave tivesse se manifestado?
Eu, como pessoa, vivo em isolamento social desde que começou essa pandemia. Evito locais aglomerados ao máximo e falo com orgulho que não participei de nenhuma festa ou reunião de amigos nesses tempos. Reduzi minhas saídas de casa a comprar comida, cuidar da saúde e trabalhar. Tempos difíceis, eu admito. A saúde mental vive numa corda bamba, entre o desespero e o declínio das faculdades mentais. Mas nada disso repõe uma vida.
Na terça-feira retornei minhas atividades. Trabalhei, voltei a cuidar da minha saúde, fui no mercado. São desses locais direto para minha casa. Em julho, se tudo der certo, serei vacinado.
