Não é algo incomum que escutamos as vezes, “medicina por amor”, “psicologia por amor”, “enfermagem por amor” e assim por diante. A verdade é que há uma necessidade real de haver amor no trabalho, mas não apenas nesse. Tudo o que pode ser feito de maneira apaixonada tem um resultado melhor.
O drama que a saúde passa nesse momento, assim como a educação, é o descaso e a desvalorização cada vez mais frequente da profissão. É possível fazer o que você gosta por amor, mas chegar em casa e não ter como se alimentar de maneira adequada?
Profissão por amor é diferente de profissão feita com amor. Se todos pensassem em trabalho por amor, ninguém precisaria de salários, pois seria tudo feito por simples barganha do sentimento. É preciso que o Estado entenda de uma vez por todas que os profissionais da saúde, segurança e educação devem ser valorizados para que possam realizar suas atividades com amor.
Não é difícil encontrar pessoas que são taxadas de mal-humoradas, ou mal-educadas pelo tratamento. Mas como é possível sentir prazer na sua profissão quando o governo acredita que seu emprego, assim como sua vida, são dispensáveis? Como acordar cedo e sorrir para o mundo quando a população trata você e seus parceiros de serviço como inimigos?
Não é raro encontrar enfermeiros, médicos, policiais, guardas, professores e inspetores que já foram tratados de forma desumana pela população. Vídeos e gravações de cidadãos agredindo verbal e fisicamente esses profissionais, acusando-os das mais diversas atitudes. O Estado tem procura mitigar o esforço dessas classes a fim de desvalorizar e sucatear o que é direito de todos.
O SUS, por exemplo, tem sido sucateado por mais de 30 anos. Mas ele ainda existe e resiste! Sem ele, milhões morreriam todos os anos sem o apoio mínimo. O sistema não é perfeito, mas isso graças ao sucateamento de poderosos que querem que as pessoas optem por serviços particulares. É preciso defender o SUS, o ensino gratuito de acesso universal e a segurança e também defender os profissionais dessas áreas que hoje são alvos de notícias falsas e perseguição.
Os médicos não inventaram as doenças e os enfermeiros não inventaram os sintomas. Mesmo assim, são tratados muitas vezes com desrespeito. Em Borborema, temos casos e mais casos de pessoas que se recusam a aceitar o teste de Covid, acusam os profissionais de manipulação e chegam a agredir verbalmente quem procure fiscalizar os casos. É surreal que estejamos em uma sociedade que prefere esconder uma doença mortal apenas para poder sair para passear.
É preciso que profissionais da saúde recebam o apoio da sociedade, o reconhecimento do Estado e o mérito por sua coragem. Eles não são heróis. São pessoas como nós que escolheram a profissão de salvar vidas. A saúde deve ser feita com amor, e os profissionais precisam deste amor.
