Cidade Homenagem

Valentina, mulher que marcou seu tempo e ficou na memória dos borboremenses

Muito se fala no papel da mulher na sociedade ou do novo papel da mulher, no entanto, a verdade é que ela sempre desempenhou diversos papéis ao mesmo tempo, tendo como pano de fundo realidades diferentes, de acordo com a época, país, região, religião do seu povo e cultura. Por isso, fazer uma avaliação específica resulta em uma reflexão interior.
Hoje essa matéria levará nossos leitores às décadas de 30 a 70, começamos com o ano de 1933, onde em 05 de abril, nascia à mulher borboremense que homenagearemos nessa matéria, trata-se da senhora Valentina Lopes da Silva Moraes.
Valentina era filha do casal Ana Rita de Jesus e Francisco Lopes da Silva. Quando jovem uniu-se em matrimônio com Sebastião Alves de Moraes Sobrinho, em 19 de novembro de 1948, na igreja matriz de Borborema, tendo como celebrante o monsenhor José Maria Alves. Era o inicio da formação de uma fecunda e bela família.
Vale lembrar que naquela época Borborema começava a se desenvolver, sendo uma cidade sem recursos e sua economia era à base da agricultura, tempos difíceis se compararmos com a nossa atual época. Mesmo com muitas dificuldades a família se formou forte e unida, sendo nove filhos desta união, Adauto, Aléia, Francisco, Vera, Sérgio (Dê), Maria Cristina e Luciana. Dona Valentina também teve uma dor que a une a muitas mães, seu coração viu partir dois filhos, sendo um menino gêmeo com a filha Maria Cristina. Essa mulher mesmo com essa dor no coração, de cabeça erguida seguiu cuidando de sua família e principalmente dos filhos, onde todos viviam harmoniosamente.
No século passado as moças de família aprendiam trabalhos manuais, e dona Valentina para auxiliar na renda familiar, fazia vários trabalhos com bordados à mão para empreendedores de Ibitinga (SP), cidade que já se mostrava pioneira na produção de bordados e trabalhos manuais. Uma senhora, chamada Maria Braga, vinha de trem buscar as encomendas. Dona Valentina foi uma das nossas primeiras bordadeiras e, aqui em Borborema, pegava todos os trabalhos a serem bordados na casa de Maria de Lourdes Franjioti da Silva (Tica Cabeleireira).
Nos afazeres diários todos se ajudavam na chácara que residiam, próxima onde hoje se encontra o Ginásio de Esportes Biasotão e a antiga fábrica de alumínio. Valentina não tinha medo do trabalho, ajudava seu esposo na roça, ordenhando as vacas que possuíam e que ajudava no sustento da grande família, dizia que no campo encontrava a paz, através da brisa e do canto dos pássaros.
Na pequena e pacata Borborema, Valentina e Sebastião eram bem conhecidos devido à venda de leite para várias famílias. Mas o coração de mãe, a humildade e a compaixão faziam com que ela ajudasse as famílias necessitadas da cidade, que na época não possuía nenhum tipo de assistencialismo. As famílias que não tinham dinheiro para comprar o leite, ela doava com um sorriso no rosto aceitando como pagamento a frase que enchia seu coração de alegria: “Deus lhe pague!”, e assim ela voltava refletindo em seu coração que com certeza aquela família faria o mesmo por ela e por seus filhos. Talvez seja por isso que ela ficou bastante conhecida por ajudar o próximo, mesmo com poucos recursos, ajudavam os que estavam na mesma situação.
Ainda muito nova, foi acometida de câncer, que para aquela época os tratamentos ainda eram poucos e cheios de incertezas, mesmo assim sem deixar se abater amou e dedicou-se a sua família, mesmo com o coração apertado e a dúvidas de como as coisas ficariam. Teve todos ao seu redor, até o dia 04 de junho de 1973, quando veio a falecer, com apenas quarenta anos de idade. Seu falecimento causou grande comoção em nossa cidade, lotando a igreja matriz para a sua missa de 7º dia, celebrada em 09 de junho, pelo padre Claudio Borelli.
Com a morte de dona Valentina, a filha Aléia assumiu a exemplo da mãe, os cuidados com os irmãos e casa, procurando fazer com carinho tudo como a mãe havia ensinado.
E assim finalizamos essa homenagem que mostra a história de uma mulher que soube marcar seu tempo e deixou belos exemplos para os dias de hoje.

Texto:

José Commandini Neto

Jornalista Profissional