Cidade Opnião

O esquecimento da cultura indígena

Quando pensamos na colonização do Brasil, logo vem na mente os colonizadores portugueses, entretanto esquecemos que eles foram recebidos pelo povo indígena que já ocupava o solo brasileiro. Hoje a cultura brasileira é uma grande mistura de influência de povos e etnias de todo o mundo, não sendo perfeitamente homogênea apesar de ser um país de colonização portuguesa.
As influências indígenas na cultura brasileira estão enraizadas em todos os indivíduos e nos mais diversos hábitos, como deitar em redes e preparar pratos como tapioca e pirão de peixe, até como usos medicinais com plantas nativas, crenças folclóricas, saci pererê, curupira, e influências na língua portuguesa como Tupi Guarani.
Esquecemos também, que com a chegada dos colonos no país, teve início a biopirataria, inicialmente com o Pau Brasil. Os colonos descobriram como extrair a pigmentação avermelhada da árvore e de ervas utilizadas pelos indígenas como tratamento para feridas ou cura de algumas enfermidades, técnicas que foram aprendidas e difundidas pelos colonos.
Pouco a pouco a biopirataria deixou de ser apenas o contrabando da fauna e da flora, mas tornou-se a apropriação dos conhecimentos no que se refere ao uso dos recursos naturais de determinada região. Isso ocorre quando os recursos genéticos e biológicos (plantas, insetos, frutos, animais) são levados para pesquisas e estudos sem o consentimento do governo, com o objetivo de patenteá-los e obter lucros pelo recebimento de royalties (valores cobrados pelo proprietário para conceder o seu uso ou comercialização).
Alguns exemplos muito conhecidos relacionados com a nossa cultura são o caso da Seringueira, quando um pesquisador inglês levou escondido consigo sementes da árvore para uma nova plantação na Malásia, nas colônias britânicas; após décadas de cultivo, a Malásia se tornou o principal exportador do látex, arruinando a economia da Amazônia. E a quinina, uma planta usada pelo povo indígena para o tratamento de febre, e hoje é usada como tratamento da malária. Um pesquisador, também inglês, contrabandeou a planta para a Indonésia e no século 19 cerca de 94% de toda a quinina no mundo vinha deste país.
As influências indígenas deixaram sua marca em especial na música brasileira, na culinária, nas festas populares, no artesanato e na língua, mesmo com a diminuição gradativa e preocupante de sua população desde a chegada dos europeus em 1.500, a cultura indígena faz parte até nos dias atuais, apesar da maioria não se atentar a isso.
Esquecemos gradativamente de nossas origens e isso é no mínimo triste, não estou aqui falando para você se pintar como índio e sair de cocar pelas ruas, mas apenas pra se lembrar da origem do seu pais, e não deixá-la cair em esquecimento.

Colunista:

Francisco Flávio Simões Neto