Opnião Política

Pra pensar

Cansados de falcatruas do período pré Lava Jato, muitos brasileiros pediam que se adotasse linha dura no trato da coisa pública e rigor no julgamento e na aplicação das penalidades aos homens públicos de conduta não condizente com os princípios da honestidade.
Jair Messias Bolsonaro se elegeu acenando que poria em prática alguns princípios da linha dura que nortearam os governos da ditadura militar atuando entre nós de 1964 a 1985.
Transcorrido um ano de governo do Sr. Messias Bolsonaro, das 98 promessas anunciadas durante a campanha eleitoral pouquíssimos foram cumpridas. Para ficar bem na fita e cumprir todas as promessas o capitão presidente teria de cumprir uma promessa a cada duas semanas. Missão impossível pois a aprovação dos projetos presidenciais por mais bem intencionados que sejam esbarram nos interesses e na vontade dos 594 congressistas (513 deputados e 81 senadores) quase sempre dispostos a representar e a defender os próprios interesses e as causas dos financiadores de suas campanhas. O negócio desses “representantes” do povo é puxar a sardinha para as próprias brasas. Note-se o caso numeroso e indecente episódio que o congresso buscou elevar de 2 bilhões para 3,8 bilhões a grana do fundo partidário para financiar as eleições municipais do ano que vem. Os caciques dos 13 partidos do mal afamado centrão mais o pessoal do PSL e do PT se juntaram para impor ao país uma gastança exagerada que os cofres públicos não tem condições de suportar. Para eleger prefeitos e vereador em 5.570 cidades do país pensou0se até em tirar dinheiro da saúde, da educação, da segurança, do saneamento básico, etc, etc. É o uso da receita usual quando se trata de arrumar a vida dos nossos valentes “representantes”. A ideia causa revolta para dizer o mínimo: 430 dos 513 deputados e 62 dos 81 senadores apoiaram a mamata. Na hora de torrar o dinheiro do povo as diferenças ideológicas entre partidários da direita, da esquerda e do centro. (Ideologia é o elemento responsável pela manutenção das estruturas políticas, sociais e artísticas, muitas vezes invisível e não conscientizado pelos membros da sociedade). Diante da aberração do projeto da quase duplicação do fundo partidário o povo tomou consciência e se manifestou contrário à ideia. Pesquisas de opinião demonstraram aos congressistas que 45% da população não confia no “trabalho” deles. O medo de que o presidente Bolsonaro vetasse a proposta e a preocupação com a perda de votos nas próximas eleições levaram os valentes defensores dos interesses do povo a abortar a ideia do aumento e a se contentar com “apenas” 2 bilhões já garantidos para as próximas eleições municipais. Diante dessas razões, os 492 congressistas defensores do vergonhoso projeto se viram isolados e ameaçados, daí a resignação com o fim da odiosa, dispendiosa e desnecessária farra com o dinheiro público. Ora, quem quiser seu candidato a cargo político-eleitoral que se vira com recursos próprios e se arrisque nessa “gratificante” aventura do jogo eleitoral. O resto virá por obra da sorte, da vontade do povo e do prestígio do candidato. Honestidade, bondade, competência e todas as virtudes desejáveis valem pouco no jogo eleitoral. Lembrem-se do exemplo de Cristo que perdeu a eleição para um ladrão!
No episódio do fundo eleitoral, a linha dura do capitão Jair Messias Bolsonaro aliado às manifestações populares incutiram juízo na cabeça da maioria dos congressistas. No país onde falta dinheiro para tudo não se justifica gastar a grana dos impostos pagos pelos contribuintes em campanhas eleitorais.
Não se trata de incentivar a volta da ditadura nem a desobediência às decisões do Legislativo mas de botar um paradeiro no costume de legislar em causa própria. Essa derrapada do Congresso Nacional no caso do fundo partidário serve para abrir os olhos dos Legislativos municipais e estaduais para que cuidem mais dos interesses coletivos e menos dos interesses particulares e para que os eleitores fiquem de olho no “trabalho” dos eleitos. Talvez assim o eleitorado acerte eleger os candidatos ideais para a defesa dos interesses daqueles que lhes pagam os salários, as mordomias e outros benefícios inerentes ao cago!
Tô certo ou tô errado?

João de Barros Crepaldi, ex-vereador, por 3 mandatos, ex-secretário da educação, ex-professor, atualmente exerce a atividade menos penosa e menos perigosa: conserta motocicletas e já está atendendo normalmente após o recesso forçado. Aos amigos, aos clientes e aos leitores desta coluna Feliz Natal, prosperidade, muita saúde no ano que se aproxima e muito obrigado a todos!

Colunista:

João de Barros Crepaldi.