Cidade Política Local

Série “Os Municípios”

Quando se menciona “desenvolvimento econômico de Municípios”, não se pode cogitar apenas o incremento bruto das atividades da cidade; atualmente, já é senso-comum que a análise grosseira das variáveis, em seus termos nominais – por exemplo, mero aumento no número de empresas, aumento nominal das contratações, crescimento dos negócios fechados nos Municípios, incremento de arrecadação pública – deve ser relativizada.
Tudo isso pertence ao chamado “crescimento econômico”, o juízo bruto das análises econômicas. Embora importante, pois que operam a constatação que o Município está em aquecimento, há de se observar também (e agora trato de “desenvolvimento econômico”) se expoentes de ordem qualitativa acompanham este quadro. Significa dizer: de nada adianta uma cidade repleta de firmas e obras, se o Setor de Saúde do Município ou outras unidades prestadoras de serviços públicos ficarem sobrecarregadas, sem medicamentos, com enormes filas, com sua população adoecendo.
O mesmo se pode dizer da oferta em educação, segurança, planejamento viário; em cidades com aeroportos, a adequada oferta de serviços de aviação; em cidades com usinas hidrelétricas, o planejamento para se evitar quadros de morbidades ambientais, etc.
Em medida ideal, o crescimento econômico deve ser acompanhado do desenvolvimento econômico – este com verniz mais social e, portanto, de gerência mais complexa e sofisticada.
Pois bem, cito o exemplo de Altamira, no Pará, onde construída a Usina Hidrelétrica de Belo Monte (ao custo, em média, de R$ 30 bilhões), cidade mais violenta do país, segundo o documento “Atlas da Violência”. Sabe-se que investimentos deste nível geram até novas cidades ao redor em razão do grande fluxo de trabalhadores. Esta região experimentou um “boom” de investimentos, criação de milhares de oportunidades, unidades fabris e comerciais, contudo sem o necessário planejamento urbano. O resultado foi catastrófico: a explosão da violência, do tráfico de drogas, das mortes seriadas, além dos conhecidos problemas ambientais.
De nada adianta ter um crescimento nominal pujante, sem o necessário planejamento dos órgãos de controle. Emerge daí o conceito de “desenvolvimento econômico”, como dito, com um apelo qualitativo e social.
Feita esta introdução, existem itens que devem ser auditados e acompanhados para se criar uma metodologia e planejamento de longo-prazo tendente a forjar um Município com um adequado crescimento/desenvolvimento.
Continua na próxima semana…