Cidade Homenagem

Morre aos 30, Edvaldo Pinheiro, vítima de Covid-19

Nesta semana, Borborema deu adeus a um dos homens mais lutadores de sua história: Edvaldo Pinheiro. Com 30 anos, e portador de uma doença que trouxe diversos problemas de saúde, ele viveu e lutou bravamente por sua vida, mas não resistiu às complicações da Covid-19. Em 2019, o JT contou sua história de vida. Nosso objetivo era realizar uma homenagem a esse guerreiro ainda em vida. A redação ficou em choque com o falecimento de Ed, como era conhecido, pois não fomos capazes de acreditar que isso pudesse acontecer. Confira a seguir a homenagem veiculada a dois anos atrás.
No dia 26/04/1991 chegava ao mundo, prematuro de 6 meses e pesando 1.5kg, Edvaldo Alves Pinheiro. Nascido com rara doença chamada de Meningocele que, devido a um problema na coluna vertebral, expõe as meninges para fora da coluna e causa danos irreversíveis à pessoa, Ed precisou lutar desde bebê para sobreviver. A meningocele é uma doença que acomete menos de 150 mil pessoas por ano. Apesar de possuir tratamento para redução dos problemas, não possui cura e ocorre quando o desenvolvimento ou fechamento da medula espinhal de um bebê não acontece de forma adequada ainda no útero da mãe.
A infância de Ed foi complicada e ele passava o tempo todo no hospital. Desde o início de sua vida, a mãe de Ed, Dalila Alves Pinheiro, foi avisada de que ele precisaria de cuidados especiais e tratamento constante, mas isso não desanimou dona Dalila. “Desde pequeno precisei de cuidados especiais e muitas cirurgias. A primeira cirurgia foi com 9 dias de vida para corrigir o erro na coluna”, contou.
Para Ed, a doença limitou seus movimentos, mas nunca sua mente. Desde criança, ele se conscientizou de que precisaria se cuidar e, por isso, lutou bravamente para melhorar sua condição de vida, realizando ao todo 52 cirurgias, e mais cirurgias já marcadas. Foi diversas vezes para Américo Brasiliense e ficou também em tratamento na câmara hiperbárica de Ilha Solteira por cerca de 1 ano, onde viajava mensalmente para receber esse cuidado especial. Essa foi uma dura conquista junto à Prefeitura, que após anos de tentativa, conseguiu disponibilizar apoio para o translado e a estadia dele na cidade, que fica na divisa com Mato Grosso do Sul.
Na adolescência, Ed decidiu que nada ia lhe impedir de ser feliz. Por isso, começou a viver intensamente. Sempre brincalhão, passou 19 anos na APAE e depois foi para a E.E. Manoel Silveira Bueno estudar até o primeiro colegial, quando foi “dispensado” pela alta quantidade de atestados e por ser muito bagunceiro. A escola, para ele, era algo difícil, mas ele se divertia. “Eu gostava de bagunçar e de brincar. Quanto mais a doença tentava me parar, mais me dava força”. De família religiosa, Ed conta também que Deus o ajudou a entender sua condição física.
Em Borborema, cidade com pouco apoio, Ed conta que sofre preconceito diariamente em comércios e principalmente quando procura ajuda médica. “As pessoas acham que eu não sou capaz de decidir o que quero ou o que sinto. Por isso, diversas vezes quando peço atendimento, algumas pessoas acham que a dor que sinto todo dia, 24 horas por dia, está na minha cabeça”. Para suportar a dor, Edvaldo toma diversos remédios, entre eles Tramal, Morfina e Alprazolan; e mesmo assim costuma ficar dias sem dormir devido à intensidade da dor que sente.
A vida, para Ed, em seus 28 anos, é difícil, mas ele agradece à Deus pelo apoio. A luta é constante. Por isso, Ed é um guerreiro que luta diariamente para viver em nossa cidade e conviver com uma doença sem cura. Mas nem o preconceito e nem a doença limitam sua vontade de viver. “Gostaria de agradecer ao Secretário de Saúde por sempre ter me ajudado. Que Deus abençoe à todos”, finalizou Ed.