Nas últimas semanas, têm acontecido em Borborema em diversos bairros as missas “Drive-in”, missas onde a população vai com seu veículo e permanece dentro do mesmo. A missa Drive in como solução para a pandemia foi trazida para Borborema pelo Padre Walterlei Anderson de Sá, que já realizou 3 missas nesse formato. Em conversa com o Jornal A Tribuna, o Padre contou como surgiu a ideia, como foram as missas e do sucesso deste novo formato de missa, que une a comunidade e ao mesmo tempo respeita as normas de saúde impostas para combate ao Covid-19. Confira a seguir, na íntegra, a entrevista:
JT: Como surgiu a ideia de realizar as missas “Drive in”?
Padre Walterlei: As medidas de confinamento contra o coronavírus fizeram com que muitos católicos estejam em um confinamento litúrgico há vários meses. Mais significativamente, eles não puderam participar presencialmente à missa dominical, algo considerado há muito tempo como o teste decisivo para ser um católico praticante. Então, eles estão sintonizando a missa na internet ou na televisão. E, segundo todos os relatos, parece que muitos deles estão achando isso espiritualmente nutritivo.
Mas na verdade, como afirma o Papa Francisco, “para os cristãos, a familiaridade com o Senhor é sempre comunitária. […] Uma familiaridade sem comunidade, uma familiaridade sem o pão, uma familiaridade sem a Igreja, sem o povo, sem os sacramentos é perigosa. […] A familiaridade dos apóstolos com o Senhor era sempre comunitária, era sempre à mesa, sinal da comunidade. Era sempre com o sacramento, com o pão.”
Por isso, a partir desse contexto em que vivemos, surgiu-se a necessidade da comunidade se reunir para celebrar, concreta e comunitariamente, a Eucaristia. Mas essa ideia não surgiu em Borborema. Esse estilo de missa “drive-in” já estava acontecendo em outras paróquias da Diocese de São Carlos e em outros locais. Ao analisar nossa realidade, sentimos que nosso povo estava sedento em receber Jesus Eucarístico. Por isso, percebemos a possibilidade de realizar essa missa, mantendo as orientações que são pedidas pela secretaria da saúde. Ai, como se diz o ditado: “nada se cria, tudo se copia”, acabamos realizando a primeira missa nos carros em nossa cidade e que, por sinal, deu certo, pois o povo de Deus aderiu a ideia.
JT: Quantas missas houveram? Quanto foi o público? Onde estão sendo realizadas? Quais os horários? Quem pode participar?
Padre Walterlei: Já aconteceram 3 missas nesse estilo. A primeira missa “drive-in” aconteceu no dia 07 de junho. A partir daí, todo domingo estamos realizando. Nos dias 07 e 14 de junho, às 18h, a missa aconteceu no Jardim Flamboyant. No dia 21 e, amanhã, 28 de junho, às 18h, a missa acontece no residencial Tainá.
A cada final de semana, a quantidade de veículos e de pessoas está aumentando. No primeiro dia, tivemos, aproximadamente, uns 200 carros e umas 600 pessoas. No segundo domingo, já teve uma participação de 250 veículos e umas 750 pessoas. E no domingo passado, uns 300 carros e umas 900 pessoas.
Todos os que desejam podem participar. Pode ir de carro, de moto ou a pé. Só pedimos que quem for, use máscara e leve álcool gel para higienizar as mãos. Quem vai de carro, pedimos para não sair do veículo. Quem vai de moto, pedimos para ficar no local, próximo a motocicleta. E quem vai a pé, temos os locais marcados no chão, e pedimos que fique no lugar determinado, pois assim mantém o distanciamento pedido.
JT: Como tem sido o andamento dessas missas? Tem funcionado?
Padre Walterlei: Nós contamos com a colaboração das diversas equipes da paróquia. Além das equipes, temos nossos benfeitores que nos ajudam, por exemplo, emprestando o caminhão, a energia elétrica. Os carros, ao chegar no local, são organizados em filas, direcionados todos para o presbitério, onde acontecerá a missa.
Num primeiro momento, havíamos ficado com receio de que o som não fosse suficiente e que as pessoas dos últimos veículos não ouviriam a missa. Então, resolvemos fazer às 18h, a fim de aproveitar a transmissão da missa pela Rádio Cultura. Nesse sentido, as pessoas poderiam, em seus carros sintonizar e ouvir a missa pela rádio. Mas, graças a Deus, o som conseguiu chegar a todos.
A missa acontece normalmente, a única coisa que difere é que as pessoas participam de dentro de seus veículos, não criando aglomerações e nem havendo contato com outras pessoas, a não com aqueles que estão dentro dos carros (que são membros que coabitam). No momento da comunhão, as pessoas, que vão comungar, deixam a luz interna do veículo acesa, a fim de que, quando os ministros passarem, saibam onde vão distribuir a eucaristia.
Todo o andamento da missa segue as normas e orientações dos decretos federais, estaduais, municipais e, também, das normas propostas pela diocese de São Carlos. Graças a Deus, as missas nos carros estão dando muito certo, pois conseguimos conciliar a necessidade dos fiéis em receber Jesus Eucarístico com a participação da missa em comunidade, respeitando as normas sanitárias vigentes para esse tempo de pandemia.
