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Me disse o selvagem

– Mataram pássaros nos ninhos, derrubaram arvores no chão, fogo na relva nova, sem mais cobra nem gavião. Me ofereceram metal e combustão, mas isso é pura ilusão, me deram letras e preocupação. No meio do pouco que ainda persiste ouço choro e desolação, as vozes da floresta choram com medo, como se a qualquer momento viesse mais destruição. Trocaram a cor do rio e o encheram de podridão, peixe se esconde, mas é pouca a opção, tenho lança e tenho arco, mas contra o ferro não existe competição, me privaram de andar, plantar, caçar, fico pensando depois disso tudo o que vem então. Posso ser inocente, mas de cima da arvore posso ver e espiar, vejo uma aldeia grande cheia de ferro e construção, não sei bem o que eles comem, pois não vejo plantação, encima fumaça preta da mesma cor de uma canaleta que uma vez foi um rio. Me ofereceram um papel verde, me diziam que tinha valor e que dava felicicdade, mas eu já tenho os meus valores e tambem minha felicidade, me oferecem tudo mas não intendo, pois quando os vejo sinto piedade por que se me chamam de selvagem eu os chamo de maldade.

Colunista:

FRANCISCO FLAVIO SIMÕES NETO