Em tempos como esse onde coube a nós forçosamente viver trancados e isolados de tudo e todos, os profissionais da saúde são os primeiros a serem expostos, pois sua vocação é atuar nas fronteiras. Nos hospitais, as vidas demonstram medo e dor diante do perigo da morte e, diante desse sofrimento, ouvem o apelo dos pacientes à vida.
É diante do enigma ético do rosto de seus pacientes, isolados e sozinhos em um leito, que tais profissionais realizam a sua vocação para o cuidado. Cuidar é responsabilizar-se pelos outros, cumprindo a faculdade, a disposição e a pré-ocupação com o outro, desse ofício apurado nas casas da dor e nos fundos do silêncio, lá onde há choro e ranger de dentes e onde poucos de nós gostaríamos ou teríamos coragem de estar. Isso é conhecido como BONDADE.
Mesmo que o objeto da profissão desses profissionais sejam a doença, os pacientes demonstram em seu olhar o pedido da humanidade e da fragilidade de nossos seres: em uma lágrima, em um pedido, em um olhar.
Esses profissionais estão a mais de um ano vivendo no limite. Seus conhecimentos devem ser respeitados e suas intervenções, objeto de confiança e crédito. Nas suas mãos, todos entregamos o que nos é mais caro, a nossa própria vida. Por isso, toda política de estado deve incentivar esse reconhecimento e favorecer essa confiança.
Parabéns aos profissionais da saúde e nosso muito obrigado por estarem aqui. Sem vocês não haveria nós.
