Enquanto a população do planeta se tranca em suas casas com medo de um novo vírus sem cura, sem tratamento e sem vacina que causa problemas no sistema respiratório e pode facilmente matar até mesmo o melhor dos atletas, observamos de longe casos e mais casos implodirem para lá e para cá e os EUA do nosso amigo laranja se tornar o novo epicentro da pandemia.
O grande e maior problema que o Brasil enfrenta sobre o Covid-19 no momento é – além do vírus, obviamente, do obscurantismo e do negacionismo frente ao vírus – são os dados.
Lombárdia, na Itália, Hubei, na China e Nova York, nos EUA, são exemplos de cidades tomadas pelo Covid-19 que em cerca de 7 dias (9 para Nova York) saíram de 100 casos para 1000 casos. São Paulo demorou 10 dias para chegar ao mesmo número, mas isso não significa que estamos numa situação melhor. Na verdade, é bem provável que estamos pior.
A principal e evidente motivo desses é a desorganização. Os dados demoram para chegar. A cidade de Santo Antônio do Monte, em Minas Gerais, anunciou em seu twitter na terça-feira dois casos confirmados na cidade. Até quarta-feira à tarde, nenhum boletim emitido pela Secretaria de Saúde de MG registrava os casos.
O segundo motivo é mais preocupante: os testes. Nova York precisou de 9 dias para sair de 100 casos e chegar a 1000. O que aconteceu lá? A cidade foi tomada por Covid-19? Não. De acordo com dados do Covid Tracking Project (Projeto de Monitoramento ao Covid) a cidade passou de 8 mil testes para mais de 200 mil em menos de 15 dias.
Nos países asiáticos, após o trauma de 2003 causado pelo SARS, outro vírus da família Corona, a população já possui educação e sabe dos riscos de uma pandemia.
O Brasil precisa urgentemente aumentar sua capacidade de testes. Num estado como São Paulo, para chegar à abrangência dos coreanos, seria necessário aplicar no mínimo 370 mil. De outra forma, qualquer dado será mera ilusão… melhor, mera sombra perto do grande perigo que está escondido pela falta de mapeamento correto.
