Cidade Saúde

Borboremense internada com suspeita de Covid-19 recebe alta e fala com o JT

Natália Francisca da Rosa Lopes, de 22 anos, foi o primeiro caso suspeito de Covid-19 em Borborema. Internada há 22 dias com sintomas respiratórios, ela foi levada para Ibitinga, onde passou 5 dias na Unidade de Tratamento Intensivo. Natália tem um largo histórico de problemas respiratórios, que os médicos esclareceram: se Natália tivesse contraído o novo corona vírus, dificilmente teria sobrevivido. No último sábado, ela retornou à sua casa e para sua família após quase um mês no hospital com um quadro de pneumonia. Seu resultado ao Covid-19, devido à demora, ainda sequer saiu.
Natália já foi internada diversas vezes pois possui asma, bronquite e rinite, todas doenças do sistema respiratório, além de sinusite. Nesta última, devido ao aparecimento do novo corona vírus, Natália foi colocada em observação com suspeita da doença. De acordo com ela, todos os médicos que conversaram com ela disseram que é provável que ela não tenha contraído Covid-19.
Assim que foi internada, um áudio começou a rodar pelas redes de mensagens confirmando o caso como positivo para o Covid-19. A mensagem, que não possuía nenhum cunho de verdade e nem vinha de pessoa autorizada a falar do caso, repercutiu em toda a cidade e foi preciso desmentir a informação por vias oficiais do município. Os pais de Natália ficaram sabendo que a filha estava com covid-19 pelo áudio divulgado.
Porém, depois do áudio, o estrago estava feito para a família de Natália, que começou a sofrer preconceito por boa parte da cidade. Sua irmã, pais, cunhado, noivo e até mesmo sua filha Vallentina, de 3 aninhos, passaram a receber olhares desconfiados de grande parte da população. Em certa ocasião, seus pais precisaram pedir para que um moto taxista buscasse produtos no mercado. Os patrões de Natália, que trabalham com o transporte de alunos, também foram hostilizados.
Natália relata que no hospital acreditou que não conseguiria voltar para a família. Os sintomas eram os mesmos de sempre para ela: tosse e falta de ar. Após o primeiro raio-x, foi confirmado a pneumonia, mas os sintomas eram graves e Natália foi levada para a UTI. Fizeram exames de H1N1 e do Covid-19 – o primeiro já foi dado negativo. Para ela, todo o caso se deu pelo áudio, pois para ela os problemas respiratórios são comuns. “Eu não viajei e nem tive contato com nenhuma pessoa diferente. Se fosse para contrair a doença, a primeira vítima seria minha filha, que fica o tempo todo comigo”.
“Para mim isso foi um aprendizado muito grande. Eu lutei, resisti e superei pela Vallentina. Hoje eu vivo trancada em casa sem poder sair do portão por conta de toda essa situação. Me proibiram de sair, principalmente por conta do áudio. Mesmo com tudo isso, eu gostaria de agradecer a todos que me apoiaram, que torceram por mim e a equipe médica de Borborema e Ibitinga que foram super atenciosos comigo. Graças a Deus estou bem e curada. Para a divulgadora do áudio, eu gostaria de desejar todo o sucesso do mundo à ela, mas perguntar o porquê fez isso? Qual a motivação? Até hoje meu resultado não saiu, mas aquele áudio confirmando que eu estava com Covid-19 prejudicou toda minha família”, concluiu.
O Jornal A Tribuna gostaria de desejar muita saúde para Natália e para Vallentina, que ficou o tempo todo com a mãe durante a entrevista. Que essa situação seja resolvida e que Deus olhe por todos nós.